domingo, 9 de setembro de 2012

Quem tem Medo do José Dirceu?



Zé Dirceu autógrafo livro
UM MILITANTE NÃO PRECISA DE CARGOS E POSTOS PARA TRAVAR UM BOM COMBATE- José Dirceu

Em junho de 2005 José Dirceu poderia ter renunciado para não ser cassado. Foi orientado a fazer isso. Mas não o fez.
O objetivo dos conservadores era derrubar o governo Lula ou impedir que fosse reeleito, com enorme campanha política e midiática.
 Apesar de defendermos a Reforma Política, no tabuleiro eleitoral  vigoravam as regras de sempre - o caixa2 -, e por terem sempre se utilizado dele e saberem que não havia como fugir, foi fácil virar contra nós, do PT, tal prática;
 Este ataque desviou o debate político eleitoral dos projetos de desenvolvimento propostos pelo PT nos últimos 30 anos, já em andamento onde o PT governou e no governo Federal, com Lula, e o reduziu a um circo armado com acusações, amplamente propagadas;
 José Dirceu foi protagonista desta história de projetos e construção partidária, que mudou o país na última década, e que sem sombra de dúvida representou uma mudança radical nos rumos do nosso país e do nosso povo;
 Em 1987 o PT passou a lutar dentro de uma estratégia de mudanças estruturais que combinasse lutas sociais, conquistas eleitorais e construção de novos modelos para a gestão pública, o que levou à formação da Frente Brasil Popular.

Junto com o PSB e o PCB, em 1989, na primeira eleição democrática, estivemos perto de eleger Lula, mas as mesmas forças conservadoras e sempre aliadas aos meios de comunicação conseguiram evitar nossa vitória, a primeira alternativa popular em 50 anos;
 Como resultado, os anos 90 foram marcados pela sanha neoliberal e suas privatizações, passando o Estado a ser colorido como um vilão, seguindo as orientações dos interesses estrangeiros, notadamente de Washington;
 Na contramão do ideário dos neoliberais e da mídia, o PT deu combate a tais absurdos e denunciou onde e como pode as mazelas que adviriam da confiança excessiva no tal mercado, tratado como um deus pelo governo e sua “corte” de então;
 A resistência às privatizações se deu liderada pelo PT, pela CUT e pelo MST, e conquistamos ainda o apoio da UNE, da CONTAG, do PSB, do PDT e do PCdoB e, com isso, conseguimos salvar a Petrobrás, estatal estratégica para o país, numa imensa e histórica mobilização;
 O projeto alternativo que o PT consolidou então conquistou as eleições em 2002, e representava o combate à subordinação da economia nacional ao capital financeiro, com a retomada do desenvolvimento e a recuperação do Estado como agente regulador e dirigente além da criação de um mercado interno de massas, a implantação de políticas distributivas e a adoção de uma política internacional soberana, voltada para integração regional da América Latina;
 Consolidou-se aí também a política de alianças que pudessem expressar o amplo leque de setores sociais, dos trabalhadores e seguimentos do empresariado, sendo José de Alencar, um nacionalista e desenvolvimentista, seu exemplo mais reconhecido, e que veio a ser vice de Lula;
 Houve resistências às alianças mais ao centro e depois, as óbvias tensões em administrar tais coalizões dentro de um governo que buscava a realização de um projeto à esquerda, mas com elas conseguimos que nossa mensagem chegasse a uma parcela mais ampla da população;
O amadurecimento político do país, dado o caráter socialista do PT, trouxe e traz um debate inevitável, mas as vitórias alcançadas com a implantação dos projetos de nosso governo foram abraçadas pela população cada vez mais convencida de seus resultados positivos em todos os aspectos;
 Hoje, o Estado brasileiro é forte e confiável, induz o desenvolvimento e incentiva a participação popular, o que se traduz na patente satisfação que se vê nas ruas, na recuperação da autoestima de nosso povo. Além disso, em nível mundial, tornou-se referência de democracia, economia e inclusão social.
 O PT e seus aliados afastaram o desemprego, a fome, a pobreza, a estagnação econômica, as desigualdades entre regiões e as dívidas internacionais;
 Por isso tudo José Dirceu se recusou a seguir o caminho mais fácil, o da renúncia. Mesmo sabendo que não tinha chance, preferiu enfrentar as forças atrasadas e suas redes de mentiras para não abrir mão de sua trajetória política, de seu legado histórico.
Arcou, assim, com a cassação e com as consequencias negativas de sua decisão pois, achou preferível isso, a prejudicar um projeto pelo qual muitos deram a própria vida.

 Extraído por Lucia Maria Rodrigues da Introdução do Livro Tempos de Planície de José Dirceu.

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