terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ficha-Limpa e Mensalão são dois lados da mesma moeda


O que assombra no Episódio José Dirceu, não é nem o pré-julgamento midiático e a pressão exercida, as escancaras, sobre o Poder Judiciário, que parece, muito, a vontade com ela. O que choca é a crueldade disfarçada de intenção de se fazer justiça. A idéia que habita os porões do Projeto Mensalão é forjar um Fato Histórico; não à toa, com a anuência de 11 ministros do STF, construiu-se o que, independente, da decisão dos ministros, entrará para a História como o MAIOR JULGAMENTO DE TODOS OS TEMPOS! Essa era a idéia; montar um teatro e com isso conseguir que a pena fosse além do réu. É uma condenação perpétua, independente da decisão que os ministros venham a tomar. Não é um processo contra réus; é uma peça jurídica nacional; ela não pertence ao judiciário, ela pertence "ao povo"; o único objetivo é uma condenação, expressa ou não, que ultrapasse o réu e acompanhe SEU NOME, ao longo da História. Um julgamento POLÍTICO, para marcar a ferro e fogo uma PESSOA e não para julgar uma ação. E a marca do alijamento deverá ser carregada, não só pelo réu mas por sua descendência, ela é histórica, vai entrar para a História pq esse está posto para ser o maior julgamento da História.

Que a grande mídia antiga cumpra esse papel, não espanta; como o texto esclarece, essa sempre foi a sua função; criar condições que favoreçam golpes de toda a natureza que mantenham a nação genuflexada aos interesses de seus patrões. O que chocou no episódio José Dirceu, foi a tranquila e imediata adesão do Poder Judiciário ao projeto. É bem verdade que nosso Judiciário nunca foi dos menos tendenciosos mas havia sim, uma preocupação em manter-se uma "aura" de equilibrio, imparcialidade, distanciamento, autonomia, independência, enfim, tudo que é exigido a um poder que se pretende... Judiciário.

Não preciso me alongar e apontar as evidências que indicaram e ainda indicam, a submissão do Poder Judiciário ao Midiático, nesse evento e em outro que comentarei, adiante; a já clássica "faca no pescoço", que, por si só, já inviabilizaria, senão o julgamento, pelo menos o magistrado; magistrados referindo- se a ação que vao julgar, por apelidos midiáticos; explicações, infindadas, sobre um processo, ainda em curso e que, deveria receber o mesmo tratamento dos outros; super exposição dos magistrados na mídia; preparação para o maior julgamento da história; magistrado usando o processo para esconder-se de outro... Isso tudo sem mencionar a não observância dos princípios que norteiam o Direito, que sumiram, nesse caso, como somem sempre que Tribunais como esses são instalados.

É um caso clássico de perseguição política e, portanto, a condenação é prévia e o rito é sumário. O tribunal, apenas, é estabelecido para que haja uma simulação de julgamento, exigido no Estado Democrático de Direito. A condenação já ocorreu; ela só será referendada ou não. Em plena instalação da Comissão da Verdade, estamos aprendendo como se forjar um Fato Histórico.

Outra simulação de Fato Histórico, promovida pela mídia antiga em associação ao Judiciário e, que, tb trata de Direitos políticos, foi o enaltecido Ficha-Limpa. Uma Lei que nasce do empenho desses dois grupos, num Estado em que as leis costumam ser elaboradas pelo Poder Legislativo. Aqui tb, vale lembrar a fala do ministro Cesar Peluso, no plenário "... mas nós sabemos em que condições o congresso aprovou essa lei."

Em ambos os casos, a "opinião pública", será responsabilizada por "sua" opção. É a opinião pública que exige a condenação e foi a opinião pública que tb exigiu o Ficha-Limpa. Em que pese o abaixo-assinado, cabe lembrar que todos os "ficha-suja" foram reeleitos em seus Estados e coube ao tribunal, em função da Lei, a determinação da perda dos mandatos. A opinião pública exige o Ficha-Limpa para votar em "Fichas-Sujas", ela não sabe o que quer ou não é ela que fala? Aqui no blog, todos já sabem como isso funciona e, portanto, não me alongarei mais.

Ficha-Limpa e Mensalão, são dois lados da mesma moeda e, que, apesar, da aparente, boa intenção, tem como fim último, inviabilizar a representação popular legítima, via cassação de direitos políticos. Não cabe ao Midiático e nem ao Judiciário, a indicação de bons ou maus candidatos; a escolha de candidatos é prerrogativa dos partidos políticos. Estamos acompanhando, desde a eleição de Lula, uma tentativa de desqualificação e desconstrução da estrutura política do país. Midiático e Judiciário, colocam-se como guardiões da moral e bons costumes, atribuindo a classe política, a responsabilidade sobre todas as mazelas que afligem o país.

O episódio VEJA/GLOBO/CACHOEIRA, veio relembrar a Nação que as coisas não são bem assim; nunca foram bem assim. Bastando para isso que lembremos, relembremos ou perguntemos aos que viveram no período de Exceção, aonde estava o Poder Judiciário, aonde estava a Grande Mídia e aonde estavam José Genoíno e José Dirceu.

De Cristiana Castro

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