domingo, 17 de novembro de 2013

PORQUE A DIREITA ODEIA TANTO ZÉ DIRCEU?



POR QUE A DIREITA ODEIA TANTO ZÉ DIRCEU?



Por que Zé Dirceu é tão odiado pela direita?

Ele é ainda mais odiado que Lula, o que não é pouco.

Tenho minha tese.

De Lula era esperado, mesmo, que estivesse do lado oposto ao da direita. Operário, nordestino, nove dedos, pouca oportunidade de estudar.

Seria uma aberração Lula se alinhar ao 1%, para usar a grande terminologia do movimento Ocupe Wall Street.

Mas Dirceu não.

Ele tinha todos os atributos para figurar no 1% que fez o país ser o que é, um dos campeões mundiais de iniquidade, a terra das poucas mansões e das tantas favelas.

Articulado, inteligente, dado a leituras. Bem apessoado. Na ótica do 1%, pessoas como Zé Dirceu são catalogadas como traidoras, e devem ser punidas exemplarmente para que outras do mesmo gênero, ou se preferirem da mesma classe, não sigam seu exemplo.

Na França revolucionária, a aristocracia entendia que os Marats, os Desmoullins, os Héberts  pregassem a morte do velho regime, mas jamais conseguiu compreender o que levou o Duque de Orleans a também lutar pela liberdade, pela igualdade e pela fraternidade.

O 1% brasileiro, na história recente, soube sempre atrair equivalentes a Dirceu. Carlos Lacerda, por exemplo, era de esquerda na juventude.

Depois, se tornou um direitista fanático. Segundo relatos de quem o conheceu, ele se cansou da vida dura reservada aos esquerdistas em seus dias e foi para onde o dinheiro estava.

O 1% recompensa bem. Nos dias de hoje, se você defende os privilégios, acaba falando na CBN, aparecendo em entrevistas na Globonews, tendo coluna em jornais e revistas, dando palestras muito bem pagas. E, com a carteira abastecida, ainda pode posar de ‘corajoso’ defensor da ‘imprensa livre’.

Dirceu não fez a trajetória de Lacerda. Não abjurou suas crenças.

E então virou o demônio.

Quem o demonizou foram exatamente aqueles que o adulariam se ele se vendesse. A imagem que a mídia construiu de Zé Dirceu concentrou num único homem todos os defeitos possíveis: vaidoso, arrogante, corrupto, inescrupuloso, maquiavélico.

Um monstro, enfim.

Pegou essa imagem? Menos do que o 1% gostaria, provavelmente. Quem não se lembra de Serra, num debate com Haddad, repetidas vezes tentar encurralar seu oponente com a acusação de que era “amigo do Dirceu”?

Haddad reconheceu tranquilamente a amizade, e quem terminou eleito não foi Serra.

Na mídia tradicional, a campanha contra Dirceu desconhece limites jornalísticos e, pior que isso, legais.

Um repórter tenta invadir criminosamente o quarto do hotel que ele ocupa, e ainda assim é Dirceu que aparece como o vilão do caso.

Quem conhece o Dirceu real, com seus defeitos e virtudes, grandezas e misérias, são aqueles poucos de seu círculo íntimo. Para eles não faz efeito o noticiário que o sataniza. (Caso interesse a alguém, nunca votei em Dirceu e não o conheço pessoalmente.)

De resto, esse noticiário – ou propaganda – não é feito para eles, mas para os chamados ‘inocentes úteis’, aqueles que em outras épocas acreditaram no “Mar de Lama” de Getúlio Vargas ou no “perigo comunista” representado por João Goulart.

É a imagem demoníaca de Dirceu construída pela mídia que, nestes dias, é utilizada pela maioria dos juízes do Supremo no julgamento do Mensalão.

Não chega a ser surpresa. A justiça brasileira tradicionalmente foi uma extensão do 1%.

Estudiosos já notaram a diferença da atuação da justiça no Brasil e na Argentina na época das duas ditaduras militares.

No Brasil, a justiça foi servil aos militares. Na Argentina, a justiça desafiou frequentemente os militares ao declarar inocentes muitos acusados de “subversivos”.

Isso acabou levando os militares argentinos a simplesmente matar milhares de opositores sem que fossem julgados.

Fundamentalmente, Dirceu paga o preço de sua opção teimosa pelo 99%.

Mas quem vai julgá-lo perante a história não é o 1%, representado por uma mídia que defende seus próprios privilégios e finge se bater pelo interesse público. E nem uma corte em cuja história a tradição é o alinhamento alegremente pomposo com o 1%.

Ele deve saber disso, e imagino que isso o conforte em horas duras como esta.
Fonte: Diário do Centro do Mundo e Conversa Afiada

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O TRÂNSITO EM JULGADO, A SANHA ANTI-PETISTA DA CONDENAÇÃO E OS PRESOS POLÍTICOS DA DEMOCRACIA

Só ocorre to trânsito em julgado em ação penal quando não há mais possibilidade de recursos no processo.

Então, se num processo há vários réus, somente produzirá efeitos a sentença ou acórdão quando o transitar em julgado para todos os réus. 

Não existe processo julgado por partes, sentença ou acórdão produzindo efeitos por partes, isso é invencionice jurídica. 

Essa invencionice veiculada nos meios de comunicação é para dar voz à sanha de condenar que o MPF e alguns ministros do STF e só se tem notícia disso na AP470.

Todos os ensinamentos jurídicos assim como as leis nacionais, as alienígenas e os pactos internacionais foram ignorados nessa ação.

Um julgamento que começa condenando sem provas porque a literatura jurídica o permite, não pode ser levado à serio.

A justiça no Brasil não é levada à sério há muito tempo, se é que algum dia alguém acreditou nela.

Utilizaram teoria do direito penal alemão, do jurista Claus Roxin, o Domínio do Fato, adaptando-a de acordo com os interesses políticos-jurídicos do MPF e do Relator, a oposição e a mídia.

Ocultam provas que anulariam todo o processo e assim vai caminhando a justiça.

Quer dizer, companheiros serão presos, hoje ou um pouco mais adiante. Estão sendo sacrificados para que o país continue mudando. 

Foram presos políticos na ditadura e agora serão presos políticos na democracia.

Quantos companheiros precisarão ir para o sacrifício para conter a sanha anti-petista da oposição?

A fragilidade desse julgamento mentiroso do começo ao fim, teve um só intuito: o de varrer o PT para fora do cenário político.

Isso não conseguiram, mas, levaram consigo nossos quadros importantes para o sacrifício em prol dos excluídos do país. 

Hoje são esses que defendemos há 8 anos, amanhã, quem será? Quem viver verá!

Abaixo tem um vídeo esclarecedor do Dr. Marthius Sávio Cavalcante Lobato em entrevista à TV SINDIPETRO Bahia: 




O Dr. Sávio destacou: "...nós temos provas robustas, fortes e que sequer foram contestadas pelo Ministério Público e que sequer foram contestadas nos votos dos ministros, por que eles se negam a citar (= analisar) as provas ..."

Mais adiante ele acrescenta: "... eu estou fazendo o meu segundo embargo de declaração, pedindo que eles falem de documentos que estão nos autos que demonstram a inveracidade das afirmações da denúncia e eles não analisam ..."


Fonte Vídeo e Texto Dr. Sávio: http://www.megacidadania.com.br/

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

AP 470 (MENSALÃO) UM JULGAMENTO MEDIEVAL


A edição de dezembro de Retrato do Brasil será um número especial de cerca de 100 páginas sobre o chamado “mensalão” (AP 470). Nela, a revista republicará a série de grandes reportagens que fez sobre o assunto ao longo dos últimos dois anos. E, em um ensaio de abertura e num índice com o histórico do desenvolvimento dessas investigações, procurará responder a duas questões que têm intrigado muitos de nossos leitores:



1) Como chegamos à conclusão de que o pilar da acusação contra os chamados “mensaleiros” é um suposto desvio de 73,8 milhões de reais do Banco do Brasil que, como apontamos em nossas matérias, não existe? 
2) Por que, embora defendidos por alguns dos maiores advogados criminalistas do País, os acusados não organizaram sua defesa de modo a denunciar esse absurdo julgamento de tipo medieval, ao fim do qual podem acabar condenados por um crime cuja materialidade não foi comprovada?

Ao mesmo tempo, neste mês, Retrato do Brasil procura dar início a um esforço de reorganizar seus trabalhos jornalísticos com vistas a ampliar o número de seus colaboradores. Com esse objetivo, vamos procurar criar uma rede de discussão de nossas pautas mensais que se estenda além do núcleo de redação da revista, hoje formado por não mais de uma quinzena de profissionais, entre trabalhadores de tempo integral e colaboradores.

Achamos então que a elaboração do ensaio para RB de dezembro é uma oportunidade para convidar esses eventuais novos colaboradores. Com esse propósito, divulgamos nossos planos iniciais para o ensaio que incluem: 

 recapitular o contexto no qual o mensalão se desenvolveu;

 mostrar o enorme impacto que as revelações sobre o esquema de distribuição clandestina de dinheiro efetivamente realizada pelo PT tiveram sobre os petistas e seus diversos tipos de apoiadores; 

 mostrar as implicações, na história do mensalão, do caminho que o partido escolheu para governar após ter abandonado o movimento “Fora FHC” em 1999 e ter escrito a Carta ao Povo Brasileiro em 2002;

 mostrar as repercussões das lutas internas do partido na definição da sua estratégia de defesa quando as acusações do mensalão surgiram;

 destacar o papel decisivo da grande mídia conservadora na criação da chamada opinião pública e na caracterização do mensalão como um crime de desvio de dinheiro público;

 e, finalmente, tentar explicar porque, a despeito das enormes possibilidades criadas para a divulgação de informações alternativas pela internet, não houve uma resposta do partido no poder no sentido de fazer prevalecer um fato tão básico como o de que não houve desvio de dinheiro público.

Abaixo, vídeo didático divulgado no mês passado, com narração do escritor e jornalista Fernando Morais. Nele, um apanhado da investigação de Retrato do Brasil.